sábado, 11 de maio de 2013

Copo meio cheio ou meio vazio?

Quem disse que a gente é obrigada a escolher uma das duas opções, mesmo?

Outro dia, saindo do cinema, ouvi a conversa de duas amigas. Uma estava suspirando pelo filme, uma comédia romântica, e a outra saiu com uma cara megacrítica, sabe como é, né? Daí essa da cara megacrítica começou a reclamar que aquelas duas horas não tinham acrescentado nada à vida dela. "Só gosto de filme cabeça", sentenciou. Daí a amiga suspirante ficou toda bravinha e começou a discursar sobre como o filme cabeça é chato e como comédia romântica é legal: "Quando vou ao cinema, não quero pensar. Quero me divertir!" Daí a amiga megacrítica respondeu... Bom, na verdade, não sei o que ela respondeu porque segui meu caminho, né? Eu não ia ficar ouvindo as duas para sempre. O caso é que fiquei pensando: por que a gente tem essa mania de criar rivalidade entre as coisas?
Pode reparar: é como se, muitas vezes, a gente ficasse se forçando a tomar partido. Você ouve rock ou música sertaneja? Prefere campo ou praia? Loiro ou moreno? Carne vermelha ou peixe? Suco ou refrigerante? Ficar ou namorar? Aaaah! Parece que o tempo todo temos que marcar um "x" nas opções.
Uma vez, no colégio, me perguntaram se eu era do time que preferiam matemática ou português. Eu tinha uns 10 anos e, quando vocês tem uns 10 anos e perguntam uma coisa dessas, você se sente meio encurralada. A pessoa tinha colocado um "ou" na pergunta, o que deixava claro: eu só tinha uma opção. Pensei e respondi: português. Sem querer fazer drama sobre a minha vida colegial nem nada, passei anos conformada ao meu destino de ser boa em português e ruim em matemática. E não precisava ser assim! Anos depois é que eu vi que tinha gente boa nas duas coisas, que eu podia gostar de matemática e continuar gostando de português - ok, não tem como eu gostar de matemática -.
Voltando ao filme, toda vez que alguém pergunta que tipo de filme eu gosto, fico tentada a responder baseada nos últimos que vi, mas a verdade é que meus filmes preferidos são as comédias românticas. Aliás, variam de vez em quando... Mas, mesmo que eu sempre amasse os mesmos tipos de filme, por que teria que criar uma rixa entre esse tipo de filme que amo e os outros? Por que defender um e detonar o outro, como se estivesse escolhendo um candidato para votar?
Uma das coisas que acho mais legais na arte é a diversidade. É incrível ter acesso a tantos tipos de músicas, livros, etc. Essa variedade atende não só pessoas diferentes, como a mesma pessoa em diferentes momentos. Para que abrir mão disso? Fico pensando se essas pessoas que defendem ardorosamente um tipo de coisa gostariam que a outra opção sumisse do mundo só porque elas não gostam. Você, eu não sei. Mas eu acho que isso seria um empobrecimento desnecessário da arte.
Da mesma forma, acho que escolher categoricamente entre ficar/namorar, loiro/moreno, matemática/português é um empobrecimento da vida. A gente muda, nossos gostos variam e nossas ideias, felizmente, não são fixas. Pra que trocar o "e" pelo "ou"? Talvez seja mais fácil escolher se o copo está meio cheio ou meio vazio, mas a verdade é que ele está meio cheio E meio vazio - de refrigerante ou de suco, dependendo do dia. E tudo bem.




Beijinhos, Thaís

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